Wednesday, February 11, 2009

o meu u é de uva

preta e suculenta
cheira bem à distância
e é muito sumarenta

06Fevereiro2009

Conto fantástico

Estava no meio do nada. Era de noite. Não havia luar, só se viam as estrelas. Não eram os dragões a roçar-me o cabelo enquanto voavam dum lado para outro, na tentativa de descobrirem o que era eu, e diria, este era o céu perfeito.
As instruções foram precisas, misturar 2cl de água ao pó, que recebi pelo correio, num espaço aberto, que ele renasceria. Mas nada dizia em relação ao facto de eu ser transportada para outro local. O meu dragãozito, de imediato, se agarrou a mim. Também para ele, acabado de nascer, tudo era estranho. Estávamos os dois num local completamente novo. Olhei à procura dum abrigo para onde pudéssemos fugir. Ao fim de algum tempo consegui vislumbrar um monte, onde parecia haver uma espécie de entrada, provavelmente para uma pequena gruta.
De cabeça baixa corremos até à gruta. Imediatamente um grande dragão tapou a saída da mesma. Ficámos encurralados. Começámos a ouvir umas passadinhas pequeninas, várias.
Eu que sempre gostei de aventuras e do desconhecido, já começava a questionar-me acerca da decisão que tinha tomado ao fazer renascer um dragão daquele pó. Apercebi-me que estava perdida no meus pensamentos, quando dei por nós rodeados de pequenas criaturas. Tinham não mais de 80cm de altura, corpo roliço, orelhas pontiagudas e um olhar amistoso no meio de grandes e peludas sobrancelhas. Fazem-nos sinal com a mão para os seguirmos para dentro da gruta. Tinham tochas nas mãos. Seguimo-los, porque não? O meu dragão já tinha perdido o medo, estava distraído com tudo o que nos rodeava, tinha de o agarrar bem ou ficava pelo caminho. Passada uma hora, chegámos a uma gruta, muito alta e bastante larga, com estalactites e estalagmites a formarem paredes entre as várias alas que a compunham. Pernoitámos ali mesmo. De manhã, as criaturas, que apelidei de ongs, pois era o som que faziam, apontavam para uma ala da gruta. Fui lá espreitar. De repente, dei por mim no espaço aberto onde tinha ido fazer a mistura do pó. Olhava para o pó com a água. O pó tinha-se diluído na água. Só isso.

06Abril2008