Vou comprar tabaco. É o meu pensamento à primeira contrariedade que a vida me traz. Logo depois lembro-me que quem fala não sou eu. É o monstrinho cá dentro que quer fumar. Não sou eu. Eu já me deixei disso. Parei de fumar. Olhei para o cigarro; ia a meio, desde que tinha começado a fumá-lo só fazia contas de cabeça — não ia ser aumentada, precisava de dinheiro para tudo e mais alguma coisa, só a prestação da escola da Maria já pesava e o custo mensal dos cigarros também. Olhei para o cigarro; ia a meio, apaguei-o e pensei, porque não tinha ninguém comigo para me ouvir: VOU PARAR DE FUMAR. O cigarro ia a meio e apaguei-o. Não esperei por acabá-lo. Não pensei, acabo este e não volto a fumar. Não. Decidi, não volto a fumar. E apaguei-o. Foi uma boa decisão. Foi uma boa decisão tomada dia 15 de Outubro de 2005, um sábado às 4 da tarde.