No ano de 2020, vivendo durante a ditadura de Jó Só Crates, "Sua Exa." para se divertir resolveu declarar a semana 10 do ano, a "Semana sem compras". Ao início ninguém percebeu muito bem o que era aquilo da "Semana sem compras", mas os jornais, ávidos de informação não sensurada trataram de nos explicar bem do que se tratava. Dizia a notícia assim:
"Sua Excelência, o Dr. Jó Só Crates, nosso merecidíssimo 1º ministro, por qualidade e sabedoria, teve o maior gosto em declarar que, para todo o sempre, a semana 10 de todos e cada ano, vai ser uma semana sem compras. Esta decisão foi tomada para salientar a sua política, muito acertada, devemos dizer, contra o consumismo absurdo e desenfreado que se viveu durante os anos de capitalismo neste país.
Nessa semana, toda e qualquer pessoa, à excepção, claro, de sua excelência e seus acessores, estará proibida de realizar qualquer tipo de compra. Com "qualquer tipo de compra" o nosso Primeiro quer dizer:
• Mini-mercados, Supermercados, Hipermercados e Mercados
• Tabacarias
• Transportes Públicos
• Jornais
• Serviços de qualquer género
• Outros
Aconselha-se as pessoas, portanto, a mentalizarem-se da certeza de uma semana por ano cheia de alegria e leveza nos seus trabalhos. Não se esqueçam de levar almoço de casa, pois os restaurantes e cantinas estarão fechados. Relativamente a qualquer outra falta, vão ter de ter paciência e esperar penitente e alegremente pela semana seguinte."
Após esta notícia, os portugueses em peso foram aos supermercados abastecer-se de todas as provisões que conseguissem guardar em casa. Essa deveria ter sido chamada a semana sem trabalho. Nunca houve tantas desculpas para não trabalhar, quando se sabia exactamente o que as pessoas iriam fazer. Todos os estabelecimentos comerciais exibiam filas gigantes, até pareciam concorrer à maior fila de Portugal. As gasolineiras eram quem provocava maiores filas, ninguém queria ficar sem combustível durante uma semana. Esta foi uma semana bem mais complicada que a "Semana sem compras". Esta última, acabou por ser bem calma, na qual se ia à conversa e a pé para o trabalho. Pessoas que trabalhavam longe, praticamente iam picar o ponto, viam os emails e voltavam para casa. Viam-se bicicletas e motas em todas as ruas, todos procuraram bicicletas em suas casas, era mais rápido e menos cansativo que ir a pé. Os carros só apareceram no primeiro dia. Foi o primeiro dia aquele que maior absentismo teve, houve pessoas a chegar ao trabalho à hora de saída. O que nos valeu foi a boa disposição a que todos aderiram. Não havia pressas para o trabalho, nem estresses, nada. Felizmente, os patrões não penalizaram ninguém.
Quem se arrependeu largamente por ter tomado esta medida, foi o nosso Primeiro. As semanas seguintes foram para contabilizar o erro da semana anterior. Nunca a economia portuguesa esteve tão abalada como nos meses seguintes àquela "Semana sem compras". E assim, pela primeira vez, servimos de cobaias, porque muitas outras se seguiram, mas essas ficam para uma próxima história.
1 comment:
Bela imagem que causa este texto.
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