É o momento para dar um salto do sofá para o chão deliciosamente frio. Está um calor entontecedor. Se não saio do sofá fico aqui o resto do dia. Dirijo-me para a kitchenet, a cafeteira ainda tem um pouco de café, nem me dou ao trabalho de aquecê-lo, já me chega o calor de todo o ar que me rodeia. Pego numa toalha que ponho sobre o meu ombro direito, calço os chinelos, procuro a chave de casa. Antes de sair dou uma espreitadela pela janela para confirmar a minha ideia. Sim, mares de pessoas saiem daquela que vai ser a minha praia.
Devagar, porque o calor que ainda se sente não me deixa ser mais célere, saio de casa, levando na mão o livro que estava na mesa da entrada e a toalha pendurada no ombro. Desço as escadas e atravesso a estrada tentando desviar-me da multidão que teima em achar que a melhor hora da praia já acabou.
Percorro uns metros na areia, procuro o lugar mais abrigado de gente, incomodam-me as pessoas na praia. Estendo a minha toalha, pouso o livro por cima e lentamente dirijo-me para o mar. Está calmo, com ondas regulares, daquelas onde se apanha boleia, mas que felizmente os surfistas não gostam. Atiro-me de cabeça para as ondas, nado, nado, mergulho, apanho boleia, o mar está fresco, fantástico. Não está frio, o mar frio faz doer os ossos, este está fresco, só arrefece a pele, é leve, sinto-me a flutuar. As bolhinhas da espuma das ondas desfazem-se na minha cara. Deito-me na água de braços abertos, fecho os olhos, os ouvidos dentro do mar ouvem o restolhar das ondas. Deixo-me estar assim quase até adormecer.
Levanto-me, e fujo da água, como se ela brincasse comigo e não me quisesse deixar ir.
Deito-me na toalha, descanso os músculos 5 minutos. Pego no livro e esqueço-me do mundo. Só quando já não consigo ler, por falta de luz, me lembro de onde estou, fecho o livro e oiço mais uma vez as ondas a reclamarem atenção, aquela que não lha dei durante estas últimas horas. Pego na toalha, peduro-a no ombro, agarro no livro e calço os chinelos. Foi um dia de praia perfeito.
4Julho2008
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